quinta-feira, 24 de julho de 2014

Gratuidade no RU e auxílio alimentação: concessões ou conquistas???


Toda(o) estudante que possui benefícios da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e que acessou os Restaurantes Universitários (RU’s) da UFRGS na quinta-feira (17/07) à noite se deparou com a gratuidade na alimentação. Mas, talvez, nem toda(o) estudante saiba que a gratuidade no RU era uma das (diversas) pautas de reivindicações que foi conquistada por causa da ocupação da Reitoria da UFRGS durante nove dias pelos estudantes e com a solidariedade de técnicos administrativos da Universidade, sindicatos e estudantes de outras Universidades! E não só isso. Outra importante conquista da ocupação da reitoria foi a conquista de 200 reais mensais de auxílio alimentação para os beneficiários PRAE que moram em uma das 3 Casas de Estudante da UFRGS. Importantes conquistas que não teriam sido implementadas se não tivesse ocorrido essa ação direta estudantil de ocupação da Reitoria da Universidade. Trata-se, portanto, de conquistas e não concessões ou favores da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis ou mesmo do governo federal. Foi a luta direta dos estudantes a responsável por essas pequenas, mas significativas vitórias, e é apenas a luta direta que fará avançarmos em direção a uma universidade realmente pública, popular e a serviço das demandas dos de baixo!

As políticas de acesso e permanência

Muitos falam que o perfil dos estudantes que tem acessado o ensino superior público tem mudado e que a universidade tem acolhido cada vez mais estudantes oriundos das classes oprimidas. As políticas de cotas raciais e sociais, a ampliação e interiorização dos campi e a flexibilização no acesso, para além do vestibular, tem sido medidas responsáveis por essa mudança no perfil do estudante universitário. Não é objetivo desse texto falar sobre essas medidas, embora algumas delas tenham sérios problemas como, por exemplo, a ampliação da estrutura das universidades sem a contrapartida em contratação de professores ou garantia de uma verdadeira política de permanência dos estudantes pobres nas mesmas. No entanto, ao falarmos de duas conquistas que incidem diretamente sobre o cotidiano dos estudantes mais pobres, estamos necessariamente falando de conquistas relacionadas à possibilidade de permanência destes nas universidades públicas. Estamos falando, portanto, de vitórias parciais que precisam ser entendidas como passos dados (e a dar) numa luta estratégica que é maior, ou seja, a luta ao direito estudantil de ter uma política de permanência que garanta efetivamente a permanência na universidade. Luta esta que, por sua vez, poderia ser entendida como outra luta pontual se pensada dentro de uma estratégia por uma universidade dos de baixo (do ponto de vista de seu acesso, funcionamento e da produção do conhecimento). 

Nesse sentido, para nós, o mais importante em todo esse processo de luta e de ocupação da Reitoria de nossa Universidade não residiu apenas nas conquistas mas também na própria luta em si, como método que as possibilitou. Método que implicou um conjunto de estudantes de forma direta e que permitiu uma experiência de protagonismo, conflito, diálogo, construção e tomadas de decisão coletivas. É através dessas lutas que acreditamos poder fazer avançar nossas lutas estratégicas. É a partir desses métodos que envolvem a ação direta e o protagonismo estudantil desde a base que acreditamos poder caminhar rumo a outra universidade.

Não são R$ 120,00, são R$ 200,00!!!

Você pode achar estranho que tenhamos falado de que a conquista da Ocupação tenha sido um valor mensal de R$ 200,00 mensais aos beneficiários PRAE moradores das Casas de Estudantes já que o anunciado pela PRAE tenha sido o valor de R$ 120,00. Mas é isso mesmo! O acordo feito pela Universidade, na figura do pró-reitor de assuntos estudantis (Sr. Ângelo) em audiência de conciliação, portanto perante uma juíza federal, era o de R$ 200,00 mensais!!! Dar apenas R$ 120,00 é desrespeitar não só os estudantes que irão receber esse valor, mas todo o Movimento Estudantil e sua luta, assim como subestimar nossa capacidade de organização e de mobilização. Não aceitaremos esse desrespeito e continuaremos lutando para que o valor seja o de R$ 200,00!!!! Nem um centavo a menos!

Aprofundar nossa mobilização e avançar nas conquistas

Mas muito ainda precisa ser feito. A luta não pode e com certeza não irá acabar nessas duas vitórias. A luta mais uma vez mostrou sua capacidade em mexer na correlação de forças, em fazer caminhar aquilo que está parado, em tirar o sono daquelas(es) que estão dormindo tranquilamente e em conquistar aquilo que é necessário e deveria ser o mínimo para que possamos viver uma vida digna. Somos estudantes pobres, filhas(os) de trabalhadoras(es), filhas(os) da classe oprimida e temos muito pelo que lutar, muito o que defender e um projeto de universidade e de sociedade a se construir.

Nossa luta garantirá vitórias. Nossa organização garantirá vitórias permanentes! Nosso protagonismo combaterá oportunismos!
Construindo Poder Popular, construiremos universidade popular, realmente pública e de qualidade! 
Lutar! Criar! Universidade Popular!!!

Tendência Estudantil Resistência Popular