terça-feira, 2 de maio de 2017

Posicionamento da Resistência Popular Estudantil em relação às Eleições de DCE da UFRGS de 2017

      Nós, da Resistência Popular Estudantil vimos por meio deste marcar nosso posicionamento com relação ao processo de eleições para o DCE da UFRGS deste ano e os motivos que nos fizeram optar por não inscrevermos chapa, nem nos inserirmos em alguma das existentes, ou apoiá-las. 
      Esta posição que já vimos adotando faz alguns anos se apoia, primeiramente, nos princípios que defendemos e nos objetivos que temos a longo prazo. Partindo da ideia de que os meios justificam os fins, acreditamos que eles sejam as vias mais eficientes ao projeto de Universidade Democrática e Popular que sustentamos, com ampla participação política e voltado para a comunidade e a construção de um povo forte em ação e intelecto. Segundo, pois a prática política das organizações tanto durante as disputas, quanto nas gestões contradiz seus reais interesse em tornar-se uma ferramenta de organização e lutas diante do cenário político e não de referência perante os estudantes, amparando-se unicamente na relação com o poder burocrático da universidade.    
 
Por quais vias atuamos? 
      Há pouco vivenciamos um período de Ocupações Estudantis em toda a universidade e nós da Resistência Popular estivemos construindo, junto aos colegas, desde os cursos em que estamos inseridos, no dia a dia das ocupações, na resistência contra a PEC 55, contra a Reforma do Ensino Médio, a "Escola Sem Partido" e a série de ajustes, retiradas de direitos e repressão que estão por vir. As ocupações contavam com um caráter independente e carregavam como prática diária a autogestão, criando novas relações e experimentando mecanismos de democracia direta.       Nos enxergamos enquanto estudantes/colegas e construímos de forma coletiva um movimento estudantil de "baixo para cima", por meio das assembleias, plenárias, espaços de coordenação entre as ocupas. As ocupações consolidaram um modelo de movimento estudantil federalista, proposta que defendemos para o movimento estudantil, isto é, a construção desde a base, tendo como prática a democracia direta e motor à ação direta. Também é importante destacar a solidariedade enquanto princípio, no enfrentamento às injustiças que a terceirização adotada na universidade traz, ombro a ombro com as trabalhadoras e trabalhadores terceirizadas/os da limpeza da universidade. Este princípio não é algo utópico ou distante de nós: nós o criamos, recriamos e o aprimoramos a cada luta.  
       Nas últimas semanas veio a público o caso da Vila Boa Esperança, onde aproximadamente 75 famílias têm resistido à tentativa de reintegração de posse por parte da universidade. A Vila existe há mais de 50 anos e fica numa área da UFRGS na Bento, em frente a Agronomia (Morro da Companhia). Nosso papel, enquanto movimento estudantil, diante disso é de pressionar a reitoria da universidade e prestar todo apoio à essas famílias.     
 
Qual a nossa perspectiva sobre as Entidades Estudantis? 
      Acreditamos que os Diretórios e Centros Acadêmicos, assim como os DCEs são importantes instrumentos de luta e organização dos estudantes. Contudo, hoje, em maior ou menor medida, são espaços esvaziados, com pouca representatividade e legitimidade, baixa capacidade de convocatória e de mobilização e aparelhados por partidos políticos, que utilizam sua estrutura para fins particulares. O que justifica se apropriarem de conquistas do conjunto dos estudantes para sua legenda.
      Portanto, acreditamos que é preciso retomar o significado dessas entidades para o conjunto dos e das estudantes e não faremos isso apenas disputando as eleições dessas entidades. Não somos contrários a eleições no movimento estudantil e nem de participar delas. Elas cumprem o seu papel no debate de ideias e de projetos. Entretanto, o movimento estudantil é mais do que disputas eleitorais e a retomada da referência de luta dessas entidades não vai ser feita apenas com partidos de esquerda e suas direções. As gestões das entidades deveriam ser expressões da organização e mobilização da base e não apenas promotoras delas. Elas devem ser agentes dinâmicos da direção que a base dá às lutas e não a própria direção, auto-eleita diga-se de passagem. 
      Precisamos recuperar o significado dessas ferramentas, fortalecendo espaços de democracia direta, de federalismo e de ação direta que espressem a luta e organização das e dos estudantes! 

Lutar, criar, Universidade Popular! 
Desde a base, construir Poder Popular e Rebeldia! 

Resistência Popular Estudantil, Maio de 2017