terça-feira, 24 de julho de 2012

Informativo do Comando Nacional de Greve Estudantil nº 11

Informativo do CNGE - nº11

Greve da educação radicaliza em Brasília e afirma que a Educação não vai pagar pela crise!

A última semana foi um marco na greve da educação que já ultrapassa 2 meses. Mesmo já atingindo muitos dias parados, a disposição para a luta segue forte, e foi possível realizar no dia 18 uma Marcha Unificada com a presença de mais de 10 mil pessoas, entre professores, técnico-administrativos, servidores federais e estudantes. Dentro da Marcha, o CNGE executou uma ação radicalizada articulada com as outras categorias de jogar bexigas com tinta amarela e preta na parede do Ministério da Educação, deixando as marcas da nossa greve. O acampamento na Esplanada representou uma grande vitória da resistência do movimento grevista, já que não acontecia uma atividade como essa, com a unidade e a força que teve, desde fins da década de 80.

Tem dinheiro pra banqueiro, mas não tem pra Educação!

No dia seguinte, quinta, foi realizado um bloqueio das entradas no Ministério do Planejamento, com o objetivo de impedir o seu funcionamento para pressionar a negociação com as categorias. Após algumas horas com o ministério parado, representantes do MPOG receberam os comandos de greve do ANDES-SN, FASUBRA, SINASEFE e também dos estudantes. O governo argumenta que não há dinheiro para gastar, ainda mais num “momento delicado como o que vivemos com a crise econômica mundial”. O CNGE alerta a todos(as) os(as) estudantes: em período de crescimento econômico, o governo não investiu muito menos priorizou a educação, e agora usa o argumento da crise como suposta justificativa. Prova disso é que gasta quase metade do orçamento federal para o pagamento dos juros da divida que vão direto para o bolso dos banqueiros e grandes empresários, enquanto menos de 4% são investidos em educação. É por isso que em Marcha, os estudantes cantavam: “Por essa crise, não vou pagar. Dinheiro tem, é só priorizar!”. Além disso, incorporamos como uma consigna geral do Comando, reforçando a batalha pela ampliação do investimento dos 10% do PIB para a educação pública já e a solução dos problemas específicos que vivem as Instituições Federais, o repasse de R$ 2 bilhões pra assistência estudantil, que hoje representa apenas R$ 500 milhões.

Comando Nacional se fortalece em todo o país!

No mesmo dia 19 os estudantes realizaram a reunião do Comando Nacional ampliado, contando com a participação de cerca de 200 estudantes e 64 delegados. A reunião representou um importante avanço nos debates e pautas nacionais da greve, além de demonstrar a força, o reconhecimento e a legitimidade conquistada. Foi possível incorporar como uma nova consigna geral o eixo “A educação não vai pagar pela crise!”, além de avançar nas pautas dos secundaristas e dos estudantes de pós-graduação. Com debates acalorados, mas que reforçaram a importância da unidade do movimento estudantil, a reunião foi fundamental para fortalecer e legitimar ainda mais nossas pautas. O Comando votou pela realização de debates sobre o tema da “Reorganização do Movimento Estudantil”, que deve ser organizado pelos comandos locais a partir de um indicativo de data que será discutido pelo CNGE. Uma das principais resoluções foi a construção da Semana de atos radicalizados, a ser realizados nesses próximos dias. A idéia é realizar diferentes ações, como atos de rua, bloqueios de estrada, ocupações das secretarias do MEC, etc.

A greve continua: Dilma a culpa é sua!


Hoje, dia 23 de julho, aconteceu a segunda reunião de negociação com o ANDES-SN. De acordo com informes da Marinalva de Oliveira, presidente do ANDES-SN, a reunião representou um verdadeiro impasse, já que não houve qualquer sensibilização do governo frente às propostas dos professores. Portanto, não se avançaram as negociações, e uma nova reunião foi marcada para amanhã, dia 24, com representantes do MPOG e MEC. Nesta reunião será pautada a possibilidade de negociação com o CNGE, e os representantes irão até o ministério para pressionar o governo a avançar também nas pautas estudantis.


Construir uma Semana de Mobilizações rumo ao dia 31!

A partir desses informes, fica claro que segue grande a força da greve, por um lado, e a intransigência do governo Dilma nas negociações, por outro. Nesse sentido, a orientação do CNGE é que os comandos locais discutam as possíveis iniciativas para realizar nas Instituições Federais e ruas das cidades. É claro que cada realidade local vai impor limites e traçar possibilidades do que pode ser feito. É importante procurar as outras categorias para buscar ações unitárias, tendo como perspectiva a construção do dia 31. Será um novo dia unificado de mobilizações descentralizadas, unificado com os professores e técnico-adminstrativos, marcando o fim do prazo dado pelo governo para a negociação.


sábado, 21 de julho de 2012

Professores reprovam a proposta do governo e se preparam para a reunião com MPO

Assembleias Gerais, realizadas em todo o país, entre os dias 16 e 20 de julho, reprovaram a proposta apresentada pelo governo no último dia 13 e reafirmaram a continuidade e o fortalecimento da greve.

Por entenderem que a proposta do governo aprofunda a desestruturação da carreira, impõe a intensificação do trabalho docente e sequer repõe a inflação do período de 2010 a 2015 para a grande maioria dos docentes, os representantes das IFE, no Comando Nacional de Greve, estão reunidos construindo os elementos da intervenção na mesa para dar continuidade à negociação em 23 de julho no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Importa informar que um documento sintetizando o item da pauta sobre melhoria das condições de trabalho foi protocolado hoje no Ministério da Educação e na ANDIFES.

Em defesa da reestruturação da carreira, melhores condições de trabalho e valorização salarial

VIGÍLIA NOS ESTADOS NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA
A GREVE É FORTE, A LUTA É AGORA!

CNG ANDES-SN, 20 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Moção de apoio aos ocupantes da reitoria da UFPR

A militância estudantil da Resistência Popular do Rio Grande do Sul gostaria de saudar a todos(as) os(as) estudantes e trabalhadores que vem construindo esse movimento grevista em seu dia a dia, em cada mobilização, em cada panfletagem, em cada ato de rua e assembléia e que vem pautando melhores condições de trabalho e uma educação realmente pública, gratuita e de qualidade.

Apoiamos aqui no Rio Grande do Sul e em qualquer canto deste Brasil a ação direta das 3 categorias em greve, pois acreditamos que somente através da luta direta e tendo os trabalhadores e estudantes enquanto protagonistas de todo o processo é que vamos conseguir avançar rumo a uma negociação que não nos torne reféns e que ao final desse ciclo de lutas possamos obter aquilo que desejamos. Neste momento, precisamos confiar em nossas próprias forças, em cada companheiro e companheira que está ao nosso lado, somando esforços coletivos pra mostrarmos que não somos brinquedos e que para além das tentativas de centralização e burocratização do movimento pelos partidos, o ME combativo segue firme em sua luta! Mostrando que o discurso governista não nos convence e que é nestas ações de ocupação e resistência que mostraremos o quanto estamos dispostos a lutar por uma universidade realmente popular.

Dentro disso, queremos nos solidarizar e saudar a militância estudantil ocupante da Reitoria da UFPR e dizer que para além das possíveis conquistas que possamos obter, essa ocupação e cada ação diária que vem sendo construída só tem a somar positivamente no acúmulo que precisamos ter para mudar esse sistema em que nos obrigam a viver. Desde já repudiamos qualquer ação de repressão que possa ser utilizada pelo Estado contra os estudantes da UFPR e os demais em luta por todo o país! 

Que cada iniciativa que possibilite a participação direta do e da estudante seja pedagógico no sentido de contribuir para nosso empoderamento enquanto sujeitos coletivos e políticos. Que possamos fincar os alicerces do Poder Popular, tão necessário para as transformações reais que queremos.

Viva todos(as) os(as) companheiros(as) que lutam!
É Greve Geral em toda Federal!
Estude e Lute!

TENDÊNCIA ESTUDANTIL RESISTÊNCIA POPULAR

terça-feira, 10 de julho de 2012

quinta-feira, 5 de julho de 2012

NOTA PÚBLICA DO COLETIVO QUEBRANDO MUROS SOBRE A OCUPAÇÃO DA REITORIA UFPR: NENHUM PASSO ATRÁS: OCUPAR E RESISTIR RUMO ÀS CONQUISTAS!

Reproduzimos a Nota Pública do Coletivo Quebrando Muros do Paraná sobre a Ocupação da Reitoria da UFPR no dia 03 de Julho.


http://quebrandomuros.wordpress.com/


NOTA PÚBLICA DO COLETIVO QUEBRANDO MUROS SOBRE A OCUPAÇÃO DA REITORIA UFPR: NENHUM PASSO ATRÁS: OCUPAR E RESISTIR RUMO ÀS CONQUISTAS!

A greve estudantil na UFPR, que já dura mais de um mês, vem mantendo @s estudantes mobilizad@s em assembleias semanais – já ocorreram seis – em atos e comandos de greve locais, por campus e para coordenar a luta como um todo, no comando geral. Desde a instalação do comando de greve – deliberado em assembleia estudantil – os estudantes encaminharam uma comissão de negociação para tratar de negociar nossas pautas junto a Reitoria. Desde o dia 14 de junho, em ato público conjunto das três categorias entregamos nossas pauta para a Reitoria. No dia 19 de junho foi realizada a primeira rodada de negociação! Neste período em que se estenderam as negociações de nossa comissão junto a representação da administração, muito pouco avançou no que tange às pautas estudantis e mais, podemos afirmar que estas foram inférteis, definitivamente não acumularam nada em nossas demandas. Desde o começo da negociação, a Reitoria gastou muito tempo da nossa comissão afirmando seu compromisso com a Universidade pública e sua qualidade, e afirmando seu comprometimento junto @s estudantes. Porém, nada conseguimos além de promessas vazias (sempre para depois da greve, ou em algum lugar longínquo), quando não, a Reitoria reiterou o quanto já está trabalhando em prol d@s estudantes, simplesmente deslegitimando nossas demandas e afirmando já supri-las. Mais ainda, em certos momentos, por meio de seus representantes, hostilizou as manifestações estudantis como, por exemplo, no episódio protagonizado pela pró-reitora de assuntos estudantis, Rita.

E hoje (4), na VI Assembleia Geral dos Estudantes da UFPR, após o ato nacional dos estudantes pela educação – 3J – por entenderem que a negociação não estava apresentando resultados concretos, os estudantes lançaram mão de seu instrumento de luta histórico: ocupação da reitoria.

Nós, do Coletivo Quebrando Muros, acreditamos que o movimento deve ser construído pela ação direta e que suas conquistas se dão através da luta e força que “os de baixo” podem exercer por meio deste instrumento. Ou seja, defendemos o uso do instrumento de ocupação (ação direta) por ele empoderar a base no processo de luta, redimensionando as estruturas de poder e construindo relações baseadas na coletividade e horizontalidade. Nesse sentido, construir a luta desse modo não é somente eficiente para o avanço nas conquistas concretas, mas também para o acúmulo de consciência e organização, decorrentes das reflexões possíveis proporcionadas por esses momentos nos quais tomamos as rédeas do movimento, permitindo repensar todas as relações de poder colocadas na nossa sociedade, propondo alternativas germinais para a organização desta.

Hoje, diante da ocupação pelos estudantes, a Reitoria apresenta um posicionamento diferente do apresentado no ano de 2011 – nessa época apenas com a ocupação ela se mostrou disposta a apresentar propostas concretas para as pautas dos estudantes e agora afirma que “a negociação com os estudantes está suspensa até que eles desocupem a reitoria”, o que caracteriza claramente, uma tática para tentar desmobilizar os estudantes em suas movimentações de greve, mostrando que nossa Reitoria esta afinada com o Governo Federal e sua estratégia de desmontar o movimento estudantil. Tal resolução é ratificada também pela reunião da ANDIFES que orienta aos reitores a não negociarem com grevistas.

Ressaltamos que uma das maiores preocupações do movimento estudantil da UFPR é a garantia da integridade e manutenção do patrimônio da Universidade, financiada pelo dinheiro público e ao invés de temer que os estudantes possam destruí-lo ou danificá-lo de alguma forma, a Reitoria deveria perceber que quem não cuida deste patrimônio é ela própria, em conjunto com o governo federal, a exemplo das privatizações e precarizações de forma geral, como podemos observar ocorrendo dentro da universidade. Atualmente elas ocorrem sob o manto do REUNI, criação de cursos de especialização pagos, falta de professores, salas super-lotadas de alunos, privatizações, terceirizações e etc.

E como se o movimento estudantil grevista já não enfrentasse problemas com as burocracias do Estado, passa a ter de enfrentar as burocracias do movimento, ambas velhas parceiras. Os nossos supostos “representantes” (UNE) tentam tomar a direção deste processo através de golpes ao movimento como, por exemplo, sentar em uma mesa para “discutir” (negociar) com o nosso ministro da educação Aloízio Mercadante. A UNE tenta assumir o papel que foi designado ao Comando Nacional de Greve dos Estudantes pela base estudantil através de Assembleias Gerais locais. Enxergamos nesta atitude da UNE um claro golpe no movimento, mais uma vez cumpre o papel a que foi designada na burocracia do Estado: servir como correia de transmissão de interesses do mesmo e de seus partidos gestores hoje (o PT, e mesmo o PC do B que aparelha a entidade). Tal atitude demonstra o grau de burocratização a que esta entidade chegou, demonstrando o quão nociva é a associação das entidades que devem ser “dos de baixo” as esferas do Estado, e a tendência que este tem de arrastar as lutas para as instâncias institucionais, fazendo do movimento parte do corpo estatal. Temos a noção que o Estado não é uma instituição neutra, pelo contrário, tem a função de salvaguardar a ordem dominante e promover a conciliação entre os contraditórios interesses que se apresentam na sociedade. Nesse sentido não acreditamos na possibilidade de disputa deste, que tem um caráter bem definido, nem na construção de um “Estado dos trabalhadores” tampouco “popular”, as conquistas e transformações que o movimento constrói só podem ser efetivadas contra o Estado. Logo não há ligação benéfica possível entre Estado e movimento, este deve se constituir fora dos marcos do Estado e ter completa independência.

Além disso, esta “velha forma” de fazer o movimento hoje se encontra em crise. É amplamente questionada pelo movimento estudantil que vem organizando as greves e ocupações de Reitoria pelo Brasil, tendo esta crítica se expressado concretamente no movimento que hoje se organiza pautado pela democracia direta, delegação e, claro, tendo como método de atuação a ação direta. Esta “forma velha”, a da representatividade indireta, hoje encarnada e reivindicada pelos burocratas do movimento que desejam ser a voz “oficial” d@s estudantes, busca se expressar como a autoridade do movimento e é rechaçada pel@s estudantes em luta, a exemplo disso o repudio a UNE e ao DCE – UFPR por da assembleia de estudantes da UFPR. A participação d@s estudantes nesta forma se resume a escolher um representante e deixar que ele o represente da maneira que achar mais adequada, extorquindo o ser político da base a usando em favor de projetos alheios. O novo jeito de fazer o movimento estudantil, no qual acreditamos ser o ideal, é o que consiste na intervenção direta dos estudantes nos processos políticos e decisórios no quais estão inseridos e que coloca estes estudantes como protagonistas da construção de seu movimento e não os seus representantes, delegando a estes apenas a função executiva do movimento e não deliberativa, pois esta cabe somente as instancias da base.

Por fim, destacamos que a ocupação da Reitoria se deu de acordo com a necessidade de radicalização do movimento estudantil grevista – já previsto em muitas ocasiões durante o processo de construção da greve. O movimento como um todo vem amadurecendo esta ideia de radicalização já há um bom tempo e hoje se concretizou em forma de ocupação, ou seja, é uma demanda do movimento grevista – visto que é só com a radicalização do processo que podemos pressionar localmente a reitoria para que responda com seriedade e compromisso às demandas estudantis locais. Dito isto, afirmamos que – ao contrário do que a nota publicada pela UFPR sobre a ocupação redige – a ocupação não foi impensada e desnecessária, mas fruto de um longo processo de construção e amadurecimento da greve em que, se os estudantes sentiram a necessidade de utilizar esse instrumento de luta, a responsabilidade é inteiramente da Reitoria por não apresentar propostas concretas em relação às nossas demandas/pautas. Cabe destacar que somos contra qualquer forma de criminalização das lutas e que pensamos ser natural a reação da Reitoria, afinal ela é representante da gestão do Estado e não poderia agir diferente, sempre apelando à conciliação (diferente de resolução) dos conflitos e tentando impor ao movimento os limites da legalidade, mas sabemos que nestes limites as conquistas dos movimentos nunca aconteceriam, pois a legalidade representa os limites da atual ordem. Neste sentido, afirmamos que ao contrário do que a Reitoria espera, intensificaremos nossas mobilizações até que obtenhamos uma proposta concreta e satisfatória sobre nossas pautas, compreendendo que este é um momento crucial para o nosso movimento se fortalecer e obter conquistas.

Afirmamos que o CQM estará ombro a ombro nas lutas! Apoiamos e reivindicamos esta forma de fazer movimento estudantil como vem se construindo na UFPR. Movimento calcado nas bases e organizado de forma que as decisões desta sejam soberanas. Acreditamos ser esta a forma de movimento capaz de materializar nossas conquistas e as necessárias transformações para a construção de outro projeto de educação. Desta vez, construído pelos “de baixo”.

Lutar! Criar Poder Popular!

Coletivo Quebrando Muros