terça-feira, 15 de maio de 2018

SOBRE AS ELEIÇÕES DO DCE DA UFRGS EM 2018

Mais uma eleição se aproxima na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A disputa pela gestão do Diretório Central de Estudantes (DCE) acontece em 2018 com votações nos dias 22, 23 e 24 de Maio e envolve quatro chapas distintas, compostas por diferentes grupos e organizações políticas mais ou menos publicamente conhecidas pelas e pelos estudantes. Em um cenário de ajustes e repressões, com um Estado em vias de radicalização de seu caráter neoliberal, mínimo em direitos e máximo em repressão às/aos de baixo, entendemos ser de extrema importância a mobilização e a luta estudantil e a organização do conjunto de estudantes em torno de suas demandas. Assim, entendemos a importância do DCE enquanto entidade legítima de organização e luta estudantil, assim como representação frente a instâncias burocráticas dentro e fora da Universidade. É exatamente por isso que acreditamos que é necessário rejeitar firmemente a postura comumente adotada pelas direções, que elencam pautas e tomam decisões de cima para baixo, como se o conjunto de estudantes da Universidade se resumisse à direção eleita do DCE, como se a luta e organização estudantil pudesse ser assumida por um pequeno grupo de pessoas, mesmo que eleito de forma democrática. Essa prática distancia os/as estudantes dos espaços de organização e, assim, distancia as decisões e ações da entidade das reais necessidades e anseios dos/as estudantes. Para superar esse vício, afirmamos que é necessária a disposição do DCE em construir a luta estudantil coletiva, de baixo para cima, fortalecendo a participação e as tomadas de decisões através de dispositivos de democracia direta (reuniões, assembleias, plenárias) entre estudantes e entre diretórios e centros acadêmicos. É preciso que o DCE assuma a responsabilidade de fomentar e facilitar permanentemente a participação estudantil em instâncias deliberativas, de publicizar e fazer valer as decisões feitas coletivamente por estudantes de todos os cursos, e não que tenha a liberdade de elencar prioridades e tomar decisões pelo conjunto de estudantes (por melhores e mais bem intencionadas que sejam). Como sempre iremos afirmar, a unidade da qual precisamos é para a luta organizada das/os de baixo, e não para a distribuição de cargos e poder entre os vitoriosos de uma eleição, já que só a luta permanente muda a vida e garante direitos. Por isso, a Resistência Popular Estudantil não apoiará nenhuma das chapas que disputam a gestão do Diretório Central, e reafirmaremos nossa postura humilde, mas sempre radical e incisiva, de construir e participar de Centros e Diretórios Acadêmicos, de incentivar a participação ativa e a organização das/os estudantes, de cerrar os punhos e marchar ferrenhas/os ao lado de nossas/os colegas e de nossa classe, lutando pela e a partir da Democracia Direta, das entidades de base e por uma Educação Popular CONSTRUIR O EDIFÍCIO PELO PISO FORTALECER A LUTA DE BAIXO PRA CIMA LUTAR, CRIAR PODER POPULAR


Porto Alegre, 15 de Maio de 2018
Resistência Popular Estudantil



quinta-feira, 26 de outubro de 2017

NOTA DE SOLIDARIEDADE: LUTAR NÃO É CRIME



Mesmo que nos indigne, não nos surpreende que o período de arrocho, de reformas e de aumento na tensão de classes seja, também, um período de endurecimento da repressão àquelas e àqueles que lutam.
A perseguição aos movimentos sociais e políticos, aos lutadores e lutadoras, às pessoas do povo que se levantam contra os ataques nos direitos e nos futuros dos de baixo, obedecem a uma agenda e a uma lógica dos nossos tempos de estado policial de ajustes.
Desta vez, nossos companheiros da Federação Anarquista Gaúcha - FAG, assim como espaços de cultura e de resistência também atingidos, o Parrhesia e a Ocupa Pandorga, foram alvo de factóides inventados pela polícia do Sartori (PMDB), que não paga em dia os servidores mas segue enchendo os cofres dos aparatos repressivos e de "inteligência" - e ecoados pela mídia numa tentativa clara de desmobilizar e de aterrorizar quem não se submete em silêncio.
Com mandados de busca e acusações de crimes como ‘associação criminosa’, a Polícia invadiu clássicos locais de resistência em Porto Alegre e apreendeu "perigosos materiais" como livros, garrafas pet e objetos artísticos, alegando que a organização política anarquista é "um grupo do mal".
Nós, da Resistência Popular, estendemos nosso ombro amigo e nosso abraço fraterno às organizações e as pessoas amigas perseguidas, firmes lutadores e lutadoras, nos comprometemos a seguir marchando, como sabemos que seguirão nossos companheiros, sem medo e com obstinação, nas ruas e nos movimentos populares e nos pusemos firmes e dispostas(os) para todo apoio e toda solidariedade de que precisarem os grupos e pessoas atacadas.
Sabemos que os tempos são de violência, tanto nos parlamentos quanto nos tribunais, e que os de cima farão de tudo para destituir de direitos e amedrontar os de baixo.
Erguemos nossos punhos e juntamos ombro com ombro porque não é tempo nem de se intimidar, nem de desmobilizar, mas de rodear de solidariedade os trabalhadores, dentro e fora do campo libertário.
Seguimos em marcha, sem baixar a cabeça, atentos aos ataques e vigilantes à repressão.

LUTAR NÃO É CRIME
CONTRA A PERSEGUIÇÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAIS
CONTRA A FARSA JUDICIAL DO APARATO REPRESSIVO

RODEAR DE SOLIDARIEDADE OS QUE LUTAM!

Resistência Popular
Outubro de 2017

terça-feira, 2 de maio de 2017

Posicionamento da Resistência Popular Estudantil em relação às Eleições de DCE da UFRGS de 2017

      Nós, da Resistência Popular Estudantil vimos por meio deste marcar nosso posicionamento com relação ao processo de eleições para o DCE da UFRGS deste ano e os motivos que nos fizeram optar por não inscrevermos chapa, nem nos inserirmos em alguma das existentes, ou apoiá-las. 
      Esta posição que já vimos adotando faz alguns anos se apoia, primeiramente, nos princípios que defendemos e nos objetivos que temos a longo prazo. Partindo da ideia de que os meios justificam os fins, acreditamos que eles sejam as vias mais eficientes ao projeto de Universidade Democrática e Popular que sustentamos, com ampla participação política e voltado para a comunidade e a construção de um povo forte em ação e intelecto. Segundo, pois a prática política das organizações tanto durante as disputas, quanto nas gestões contradiz seus reais interesse em tornar-se uma ferramenta de organização e lutas diante do cenário político e não de referência perante os estudantes, amparando-se unicamente na relação com o poder burocrático da universidade.    
 
Por quais vias atuamos? 
      Há pouco vivenciamos um período de Ocupações Estudantis em toda a universidade e nós da Resistência Popular estivemos construindo, junto aos colegas, desde os cursos em que estamos inseridos, no dia a dia das ocupações, na resistência contra a PEC 55, contra a Reforma do Ensino Médio, a "Escola Sem Partido" e a série de ajustes, retiradas de direitos e repressão que estão por vir. As ocupações contavam com um caráter independente e carregavam como prática diária a autogestão, criando novas relações e experimentando mecanismos de democracia direta.       Nos enxergamos enquanto estudantes/colegas e construímos de forma coletiva um movimento estudantil de "baixo para cima", por meio das assembleias, plenárias, espaços de coordenação entre as ocupas. As ocupações consolidaram um modelo de movimento estudantil federalista, proposta que defendemos para o movimento estudantil, isto é, a construção desde a base, tendo como prática a democracia direta e motor à ação direta. Também é importante destacar a solidariedade enquanto princípio, no enfrentamento às injustiças que a terceirização adotada na universidade traz, ombro a ombro com as trabalhadoras e trabalhadores terceirizadas/os da limpeza da universidade. Este princípio não é algo utópico ou distante de nós: nós o criamos, recriamos e o aprimoramos a cada luta.  
       Nas últimas semanas veio a público o caso da Vila Boa Esperança, onde aproximadamente 75 famílias têm resistido à tentativa de reintegração de posse por parte da universidade. A Vila existe há mais de 50 anos e fica numa área da UFRGS na Bento, em frente a Agronomia (Morro da Companhia). Nosso papel, enquanto movimento estudantil, diante disso é de pressionar a reitoria da universidade e prestar todo apoio à essas famílias.     
 
Qual a nossa perspectiva sobre as Entidades Estudantis? 
      Acreditamos que os Diretórios e Centros Acadêmicos, assim como os DCEs são importantes instrumentos de luta e organização dos estudantes. Contudo, hoje, em maior ou menor medida, são espaços esvaziados, com pouca representatividade e legitimidade, baixa capacidade de convocatória e de mobilização e aparelhados por partidos políticos, que utilizam sua estrutura para fins particulares. O que justifica se apropriarem de conquistas do conjunto dos estudantes para sua legenda.
      Portanto, acreditamos que é preciso retomar o significado dessas entidades para o conjunto dos e das estudantes e não faremos isso apenas disputando as eleições dessas entidades. Não somos contrários a eleições no movimento estudantil e nem de participar delas. Elas cumprem o seu papel no debate de ideias e de projetos. Entretanto, o movimento estudantil é mais do que disputas eleitorais e a retomada da referência de luta dessas entidades não vai ser feita apenas com partidos de esquerda e suas direções. As gestões das entidades deveriam ser expressões da organização e mobilização da base e não apenas promotoras delas. Elas devem ser agentes dinâmicos da direção que a base dá às lutas e não a própria direção, auto-eleita diga-se de passagem. 
      Precisamos recuperar o significado dessas ferramentas, fortalecendo espaços de democracia direta, de federalismo e de ação direta que espressem a luta e organização das e dos estudantes! 

Lutar, criar, Universidade Popular! 
Desde a base, construir Poder Popular e Rebeldia! 

Resistência Popular Estudantil, Maio de 2017

quinta-feira, 9 de março de 2017

Moção em solidariedade a Rafael Braga, aos militantes do Bloco de Lutas e aos representantes sindicais de Cachoeirinha

XII Encontro Latino Americano de Organizações Populares e Autônomas - ELAOPA Comissão de Direitos Humanos
O conjunto de organizações autônomas e populares Latino-americanas presentes no XII ELAOPA – realizado em Montevidéu nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2017 – vem através desta moção manifestar a sua solidariedade combativa à Rafael Braga Vieira, única pessoa que segue presa após os protestos que tomaram as ruas do Brasil em junho de 2013; se colocar contra a criminalização dos seis militantes do Bloco de Lutas pelo Transporte Público de Porto Alegre, perseguidos e processados pelo Estado que terão o início do seu julgamento no próximo dia 21.02.2017 e em repúdio ao processo administrativo contra 5 representantes sindicais do sindicato dos municipários de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul, Brasil. Afirmamos: PROTESTO NÃO É CRIME!
Rafael Braga representa uma realidade presente em todos os países da América Latina, a criminalização e o encarceramento da juventude pobre e negra. Lembramos que a sua prisão se deu no dia 20.06.2013, no contexto de um dos maiores protestos realizados no Rio de Janeiro naquele ano e no âmbito das “jornadas de junho” em todo o país. Rafael foi detido por policiais sob a acusação de portar produtos de limpeza que, segundo a linguagem criminalizatória da polícia, seria utilizado para preparar coquetéis molotov, uma clara manipulação! Mesmo com diversos laudos que comprovam que tais materiais apreendidos não representavam nenhum risco, o Estado justifica a sua prisão com a acusação de que tais materiais seriam utilizados para produção de explosivos.
Nós presentes no XII ELAOPA, saudamos e nos somamos à Campanha Internacional que exige a imediata liberdade para Rafael Braga!
Ainda denunciando a criminalização dos movimentos sociais e daqueles e daquelas que lutam, nos colocamos solidários e manifestamos apoio irrestrito aos seis ativistas do Bloco de Lutas pelo Transporte Público de Porto Alegre que estão respondendo a um processo de evidente viés político, no qual são elaboradas diversas acusações falsas, sem sentido e com nenhum amparo na realidade factual do que se passou nas manifestações de junho de 2013 em Porto Alegre. Esse processo que xs compas estão submetidos é mais um evidente ataque do Estado e uma tentativa descarada de criminalização das lutas e dxs lutadorxs sociais que ousam se levantar contra as desigualdades, opressões, tiranias, etc.
As acusações impetradas aos compas apontam formação de milícia armada, uso de explosivos, incitação à desordem, entre outras acusações sem nenhum sentido prático, o que deixa ainda mais evidente o caráter de perseguição política do Estado sobre os(as) que lutam, sobre suas ideologias, e em especial aos Anarquistas criminalizados.
Também nos colocamos solidários aos 5 representantes sindicais que, após a greve de 18 dias da categoria dos municipários de Cachoeirinha, fora malvo de um processo administrativo disciplinar (PAD) instaurado pelo Governo Municipal e pela Câmara de Vereadores que pode levar à demissão dos 5 compas. Trata-se de um processo político onde o governo tenta se justificar com a acusação de “conduta escandalosa”, escolhendo seletivamente cinco dirigentes do SIMCA no universo de dezenas de municipários que ocuparam a Secretaria da Fazenda no dia 19/08/2016. Naquela ocasião, a ação direta de ocupação serviu para exigir um calendário de pagamento, pois o governo recusava-se a fornecer qualquer informação ou garantia sobre os salários. O governo ainda criminaliza os municipários pelos protestos ocorridos na Câmara de Vereadores durante a greve. O processo ainda é marcado pelo racismo institucional pois a maioria dos indiciados é negrx e integrante do coletivo antirracista Dandara Zumbi.
Frente a esse quadro de perseguição, relacionamos a prisão de Rafael Braga (um símbolo do encarceramento da juventude pobre e negra) à criminalização da luta social representada no processo sobre os seis ativistas do Bloco de Lutas e ao processo administrativo disciplinar instituído contra representantes sindicais de Cachoeirinha.
Reafirmamos o nosso compromisso com a exigência da imediata libertação de Rafael Braga e, ao mesmo tempo, expressamos total solidariedade com todas(os) criminalizados por lutar!
PROTESTO NÃO É CRIME!
LIBERDADE PARA RAFAEL BRAGA, JÁ!
PELA IMEDIATA ABSOLVIÇÃO DOS ATIVISTAS CRIMINALIZADOS DO BLOCO DE LUTAS DE PORTO ALEGRE!
PELO IMEDIATO ARQUIVAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR CONTRA OS REPRESENTANTES SINDICAIS DE CACHOEIRINHA!